O que esperar nas cenas dos próximos capítulos no universo do sindicalismo brasileiro? Todos sabemos e já cansamos de falar sobre as mazelas do movimento sindical, com sindicatos de "gaveta" ou de "carimbo", como alguns gostam de chamar. Sabemos também que a atual estrutura claudica há décadas, caindo pelas tabelas, com vícios de todos os lados para todos os gostos. Uma mudança modernizante, de fato, era mais que necessária. No entanto, no tal "mundo ideal" deveria ser resultado de um processo de debates, com envolvimento das partes interessadas, algo verdadeiramente democrático. Como cantava a música "sonho meu... sonho meu...".

 

Tenho observado alguns colegas de RH de grandes empresas falando sobre as dificuldades que surgiram com a Reforma Trabalhista de Temer e especialmente após a MP 873/19, da dupla Guedes & Bolsonaro que trata do impedimento do desconto em Folha de Pagamento das contribuições sindicais, que até ontem tratava as empresas como instrumentos do processo, agentes arrecadadores, permitia aos Sindicatos a certeza de que o "cliente" não fugiria e naturalmente, negava ao trabalhador, ou ao menos dificultava a vida dos quais desejavam se opôr às cobranças. Tente apresentar a tal Carta de Oposição num sindicato para ver a simpatia com a qual te recebem... No universo ideal, os trabalhadores deveriam reconhecer o valor dos serviços prestados pelos seus representantes e arcar, com real interesse, por mantê-los, pela qualidade dos serviços oferecidos, não é verdade??!!

 

"Agora eu te perrrrgunto:" por qual razão as empresas devem se envolver com isso? É problema dos Sindicatos e seus "clientes". Alguns dirão apressadamente: "- ah, mas assim o movimento sindical morrerá...!". Certamente, a estrutura arcaica e antiga, de gabinetes, afeita as facilidades promovidas pelo modelo Getulista, assim como aqueles de menor representatividade correm sérios riscos. Os Sindicatos precisarão se reinventar. Acho que à curto prazo a tendência é uma violenta quebra-geral. A maioria deve morrer. Sobreviverão os mais organizados e de maior expressão / representatividade, como: metalúrgicos, bancários, químicos, petroleiros. A palavra de ordem é REPRESENTATIVIDADE. Quem não a possuir, certamente morrerá.

 

Ainda futurando, acredito que em médio/longo prazo o movimento Sindical renascerá, à partir de dentro dos locais de trabalho - "De Dentro para Fora!", promovendo maior autenticidade nas representações, um movimento mais fortalecido e próximo das bases. Ganharão importância nesse novo cenário as organizações no local de trabalho: Comissões de Fábrica, Comissões de PPR / PLR, CIPAS, e outras. Um modelo mais próximo dos interesses e controle dos trabalhadores, mais autêntico.

 

Faz sentido?

 

Marco Antonio Garcez